Protestos em Glasgow exigem ações concretas de líderes mundiais.

Milhares de pessoas se manifestam pelo segundo dia consecutivo nas ruas da cidade escocesa sob chuva e vento para pedir mais ação e menos palavras aos líderes reunidos na cúpula do clima

Dezenas de milhares de pessoas, 50.000 de acordo com os organizadores, percorreram no sábado as ruas do centro de Glasgow para pedir justiça climática. Sob a chuva e o vento, a cidade escocesa, sede da COP26, vivenciou outra jornada de manifestações para exigir aos líderes políticos mundiais que se reúnem na cúpula do clima mais ação e menos palavras contra o aquecimento global. “Estou aqui para mostrar ao mundo os retrocessos socio ambientais do presidente Bolsonaro no Brasil, queremos união pela defesa da Amazonia e respeito aos indígenas, queremos lembrar que a sociedade civil é parceira na construção das soluções para enfrentar a crise climática”, informa Mauro Pereira, diretor executivo da Defensores do planeta, que veio a COP 26 representando a zona oeste AP 5 da cidade do Rio de janeiro.

Mauro deu entrevistas aos vários jornais e tvs do mundo contando o que estão vivenciando nestes últimos anos na gestão do presidente Bolsonaro, com uma moto serra na mão, um tronco simbolizando a Amazônia e a bandeira do Brasil, ele chamou a atenção por onde passou em Glasgow.

O que é o racismo ambiental e como ele afeta a população da zona oeste do Rio de Janeiro.

O termo racismo ambiental ou racismo meio ambiental foi criado pelo líder afro-americano de direitos civis Dr. Benjamin Franklin Chavis em 1981, em um contexto de manifestações do movimento negro contra injustiças ambientais nos Estados Unidos. O termo faz referência às formas desiguais pelas quais etnias vulnerabilizadas são expostas aos efeitos ambientais (indireta ou diretamente), já que esses grupos minoritários não fazem parte das tomadas de decisões, que muitas vezes está associada aos acordos de poder da elite dominante e das instituições que eles controlam, prejudicando pessoas pobres, pretas, periféricas e originárias, enquanto favorecem grupos que estão no topo da pirâmide social. As instituições governamentais, jurídicas, econômicas e políticas reforçam o racismo ambiental e estão diretamente atreladas no uso da terra, na aplicação de normas ambientais, onde serão criadas as industriais e, de forma particular, os lugares onde etnias mais vulnerabilizadas moram, trabalham e gozam do seu lazer. No Brasil, o termo também abarca regiões indígenas não demarcadas, favelas, áreas com alto risco de deslizamento de terra, áreas urbanas não atendidas por saneamento básico e áreas residenciais perto de lixões.

Segundo Robert Bullard – Sociólogo e Diretor do Environmental Justice Resource Center em entrevista à Revista Eco 21 “Este conceito institucionaliza a aplicação desigual da legislação; explora a saúde humana para obter benefícios; impõe a exigência da prova às ‘vítimas’ em lugar de às empresas poluentes; legitima a exposição humana a produtos químicos nocivos, agrotóxicos e substâncias perigosas; favorece o desenvolvimento de tecnologias ‘perigosas’; explora a vulnerabilidade das comunidades que são privados de seus direitos econômicos e políticos; subvenciona a destruição ecológica; cria uma indústria especializada na avaliação de riscos ambientais; atrasa as ações de eliminação de resíduos e não desenvolve processos precatórios contra a poluição como estratégia principal e predominante. A tomada de decisões ambientais e o planejamento do uso da terra em nível local acontecem dentro de interesses científicos, econômicos, políticos e especiais, de tal forma que expõem às comunidades de cor a uma situação perigosa.”

O município do Rio de Janeiro é separado em 5 Áreas de Planejamento (AP), e a maior delas é a AP5, que concentra diversos bairros da Zona Oeste. E essa também é a que mais sofre racismo ambiental. Um estudo feito pelo Trata Brasil mostra que quase 100% das moradias da AP5 e da cidade do Rio de Janeiro tinham banheiro de uso exclusivo dos moradores, mas apenas 82,9% das moradias da AP5 eram ligadas à rede geral de esgoto ou à rede pluvial. Enquanto nas demais AP’s, 93,6% das moradias estavam ligadas à rede geral de esgoto ou à rede pluvial. Mas, não para por aí, a situação fica mais precária quando apenas 32,3% (Barra de Guaratiba) e 51,5% (Guaratiba) das moradias são ligadas à rede de esgoto, isso quer dizer, que é bastante comum ver esgoto à céu aberto nesses territórios, assim como vemos em sub- bairros como o Aço, Urucânia, Cesarão, João XXIII, Guandu, Alvorada e o bairro de Deodoro. E isso pode ocasionar diversas doenças como hepatite, leptospirose e cólera.

Saneamento básico e saúde são complementares, então quando há um porcentual tão baixo de moradias que são ligadas à rede de esgoto significa que estamos falando do racismo ambiental, já que o atraso das eliminações de resíduos é a estratégia principal de dominância da elite, acobertada pelo poder público, que tende a ignorar seus cidadãos periféricos. Além disso, também podemos ver a falta d’água por vários dias consecutivos, ou a presença dela com gosto e odor fora do comum graças a geosmina em bairros como Campo Grande, Santa Cruz e Guaratiba como uma agressão racista aos seus cidadãos, ainda mais em plena pandemia, onde uma das formas mais eficazes de impedir a contaminação é levando as mãos com água e sabão.

A Defensores do Planeta é membro do conselho municipal de meio ambiente da cidade do  Rio de janeiro (CONSEMAC), onde vem questionando como é tratada a questão do saneamento básico na zona oeste do Rio, atuamos também no comitê de bacia hidrográfica da baia de Guanabara e recentemente fomos eleitos como titular no comitê Guandu. Estamos neste espaços para trabalhar a gestão hídrica e a questão de saneamento básico em nosso território, atuamos para implementação da agenda 2030 com foco no ODS 6 –  água limpa e saneamento básico, este ODS tem como meta alcança o saneamento básico e a água limpa até o ano de 2030, coisa difícil de se atingir,  por exemplo: estamos em um período de pandemia e bairros como Guaratiba e Santa cruz, bairros que tem um menor IDH (índice de desenvolvimento humano)  na região , e não tem uma cobertura de 100% de saneamento básico ou água limpa para manter o asseio neste período crítico, o que só  demostra o grande retrocesso neste direito humano na zona oeste do Rio. A ONU reconheceu em 2010 água como um direito humano logo ela não deve ser mercadoria e tem que ser um direito de todos.

A defensores do planeta vem denunciando dentro e fora do brasil todo esse desrespeito para com a população da zona oeste, mas não podemos fazer isso sozinhos, cobrem dos líderes políticos por mudanças efetivas no sistema de saneamento básico e na distribuição d’água de qualidade, e para além disso, acompanhe nosso site e nossas redes sociais para ficar mais atento no que acontece no nosso território.

FONTES

96.5, TUPI.FM. Cedae promete, mas não normaliza fornecimento de água na Zona Oeste e na Baixada Fluminense. Disponível em: https://www.tupi.fm/rio/cedae-promete-mas-nao-normaliza-fornecimento-de-agua-na-zona-oeste-e-na-baixada-fluminense/. Acesso em: 5 fev. 2021.

ECYCLE. O que é racismo ambiental e como surgiu o conceito. Disponível em: https://www.ecycle.com.br/8123-racismo-ambiental.html?fbclid=IwAR3YSbqH6GjnwU9nyRdj9QhXugPrV9IPsg8rXs-p6b-T-yUVV2ntdCePlwo. Acesso em: 4 fev. 2021.

EU, RIO. Pandemia encontra favelas e bairros sem água – Eu, Rio! Leia mais: https://eurio.com.br/noticia/12715/pandemia-encontra-favelas-e-bairros-sem-agua.html. Disponível em: https://eurio.com.br/noticia/12715/pandemia-encontra-favelas-e-bairros-sem-agua.html. Acesso em: 3 fev. 2021.

FOSSA TRAT. Doenças causadas pelo esgoto: patógenos de transmissão hídrica. Disponível em: https://fossatrat.com.br/6-principais-doencas-causadas-pelo-esgoto-saiba-mais/. Acesso em: 5 fev. 2021.

QUEBRADA POD. Racismo Ambiental na Quebrada. Disponível em: https://open.spotify.com/show/2fIqWYLr5Ty7LXfyxdSUjV?si=aPlN7PZdRHm128c2ndnG2g&nd=1. Acesso em: 4 fev. 2021.

REVISTA ECO – 21. Ética e racismo ambiental. Disponível em: http://www.eco21.com.br/textos/textos.asp?ID=996. Acesso em: 3 fev. 2021.

TRATA BRASIL. BENEFÍCIOS ECONÔMICOS, SOCIAIS E AMBIENTAIS DA EXPANSÃO DO SANEAMENTO NA AP-5 DO RIO DE JANEIRO. Disponível em: http://www.tratabrasil.org.br/datafiles/estudos/besa-rj/relatorio-final.pdf. Acesso em: 5 fev. 2021.

Autores:
Glaucio Henrique Evangelista de Freitas
Mauro A. S. Pereira

Inscrições – Diálogos da Juventude 2030

Estão abertas as inscrições para o projeto Diálogos da Juventude 2030, este projeto tem a finalidade de incluir a juventude nas discussões, implementação, ações, monitoramento e na co criação de projetos socioambientais com foco nos ODS no território da zona oeste do Rio de Janeiro. Esta é uma parceria da Defensores do Planeta com as Nações Unidas e o Ministério de Meio Ambiente da França.
Se você tem entre 15 ou 29 anos e se interessou, se inscreva enviando um e-mail com seu nome, idade, endereço e telefone para o e-mail: contato@defensoresdoplaneta.org.br
Venha ser parte da Agenda 2030 e desta forma não queremos deixar você para trás.

Dia Mundial de Proteção aos Manguezais

No dia 26 de julho de 2019 é comemorado o Dia Mundial de proteção aos manguezais. Neste contexto, o Instituto Estadual do Ambiente (INEA) juntamente com a equipe gestora da Reserva Biológica de Guaratiba, abriram as portas da REBIO, usualmente restrita ao público, para atividades de cunho educativo em comemoração a data.
A Defensores do Planeta esteve presente a este evento, onde puderam ser discutidos assuntos socioambientais preservacionistas importantes para a região de Guaratiba e para a Zona Oeste do Rio de Janeiro voltado para a integração da sociedade civil em “conhecer para preservar”.  A Coordenação da Juventude participou junto aos seus voluntários nas atividades propostas e as visitas técnicas.
Ao decorrer do evento, foram feitas atividades em campo aberto, onde guias levaram a sociedade civil a aulas de compreensão à importância dos manguezais e a preservação deste ecossistema riquíssimo em diversidade de fauna e flora.Continuar lendo

Fórum de Juventude: Agenda 2030 – Rio

No dia 20 de março de 2019 foi realizado o Fórum da Juventude: Agenda 2030 – Rio, sendo um espaço político participativo onde a juventude do Rio de Janeiro se reuniu para discutir os enfrentamentos e desafios da implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável no território. Com ampla faixa etária e diferentes escolaridades, a plenária detinha uma composição plural com jovens de diferentes instituições (Escolas Municipais, Estaduais, Institutos e Colégios Técnicos, Universidades, ONG, Coletivos, etc.). O evento foi sediado na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, localizada na Baixada Fluminense.Continuar lendo

ONU lança desafio de volta às aulas para combater poluição plástica nos mares

 

Produção de plástico ameaça vida marinha. Foto: ONU/Saeed Rashid

A ONU Meio Ambiente convida professores e estudantes de todo o Brasil para o Desafio de Volta às Aulas Mares Limpos, uma mobilização global para reduzir o uso de plástico descartáveis nas escolas e no dia a dia das crianças.

Para participar, os docentes interessados deverão desenvolver um projeto para a redução do uso de plásticos descartáveis na escola e/ou no dia a dia dos alunos, a ser implementado ao longo do primeiro semestre escolar. Saiba mais:

ONU Meio Ambiente convida professores e estudantes de todo o Brasil a participar do Desafio de Volta às Aulas Mares Limpos, uma mobilização global para reduzir o uso de plástico descartáveis nas escolas e no dia a dia das crianças.

O iniciativa tem como objetivo levar mais informação aos alunos, colégios e famílias sobre o problema do consumo excessivo do plástico. A proposta é difundir as melhores formas de mudar o triste cenário da poluição plástica nos oceanos — que recebem todos os anos até 13 milhões de toneladas do material.Continuar lendo

Participação no XIII Congresso Estadual de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Agroecologia da APEDEMA-RJ.

Durantes os dias 23, 24 e 25 de Novembro, o Diretor Executivo e os Coordenadores de Juventude da ONG Defensores do Planeta estiveram no X Encontro de Educação Ambiental da Serra dos Órgãos, seguido pelo XIII Congresso Estadual  de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Agroecologia da APEDEMA-RJ, realizados no Parque Nacional Serra dos Órgãos.

Nossos Coordenadores estiveram no local apresentando o trabalho intitulado:

“Mini-Cop: Educação em Mudanças Climáticas”, mostrando os resultados alcançados pelo projeto MiniCop, uma iniciativa da ONG Defensores do Planeta em correlação com os ODS 4 (Educação de Qualidade) e 13 (Ação Contra a Mudança Global do Clima) que visa levar informação e formação sobre Mudanças Climáticas às escolas do Estado do Rio de Janeiro.

Como também, os coordenadores estiveram realizando uma atividade de Educação Ambiental pelo Parque Nacional com uma escola da região serrana e participando da mesa de abertura do Congresso enfatizando a participação da juventude em políticas públicas. Nosso Diretor Executivo esteve presente palestrando sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

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Nova lei para substâncias químicas é tema de debate entre ONU, governo e sociedade civil

 

Os produtos químicos permeiam a economia global e fazem partedo nosso dia a dia — curam doenças, estão nas roupas e alimentos que consumimos. Porém, se mal administrados, podem causar sérios danos à saúde humana e à natureza.

Em Brasília, a ONU Meio Ambiente participou de um seminário do Ministério do Meio Ambiente para discutir um anteprojeto de lei sobre a gestão de substâncias químicas no Brasil.

Seminário debateu anteprojeto de lei para a regulamentação de substâncias químicas no Brasil. Foto: ONU Meio Ambiente

Os produtos químicos permeiam a economia global e fazem parte do nosso dia a dia — curam doenças, estão nas roupas e alimentos que consumimos. Porém, se mal administrados, podem causar sérios danos à saúde humana e ao meio ambiente. Com o objetivo de apresentar o Anteprojeto de Lei sobre o inventário, a avaliação de risco e o controle de substâncias químicas, desenvolvido com apoio da ONU Meio Ambiente, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) organizou um seminário na quarta-feira (17), em Brasília, com representantes do governo, indústria, sociedade civil e academia.

O Brasil é signatário de todos os acordos ambientais multilaterais relacionados a produtos químicos — a Convenção da Basileia, Convenção de Estocolmo, Convenção de Roterdã, a Abordagem Estratégica para o Gerenciamento Internacional de Produtos Químicos e a Convenção de Minamata. O país também já regulamentou algumas substâncias, como o mercúrio metálico, pesticidas, cosméticos e produtos saneantes. Porém, o Estado brasileiro ainda carece de um conjunto de regras para gerir os riscos relacionados aos químicos.

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